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E OS

LUSIADAS

ENSAIO

HISTORICO-CRITICO-LITTERARIO

POR

FRANCISCO EVARISTO LEONI

COMMENDADOR da Ordem Militar de SaN' BENTO DE Avís
CAVALLEIRO DA MESMA ORDEM

E DA ANTIGA E MUITO NOBRE DA TORRE E ESPADA DO VALOR, LEALDADE E MERITO
SOCIO DA ACADEMIA R. DAS SCIENCIAS DE LISBOA

E DO INSTITUTO HISTORICO GEOGRAPHICO E ETHNOGRAPHICO DO BRASIL
GENERAL DE BRIGADA REFORMADO &C.

LISBOA

LIVRARIA DE A. M. PEREIRA-EDITOR

50-RUA AUGUSTA-52

1872

01820 158

Imprensa de Sousa Neves, Rua da Atalaia, 65

INTRODUCÇÃO

I

Do muito que á cêrca de Luiz de Camões e dos Lusiadas se-ha escripto, não só em Portugal, senão em paizes extrangeiros, deveramos inferir que se-acha esgottado o assumpto, e que nada que de novo nos-esclareça sobre este homem extraordinario, e nos-faça melhor sentir e appreciar o merito do seo poema, póde hoje accrescentar-se ao já investigado e sabido.-É, todavia, o que nos não parece; e mais nos-confirma 'nesta idéa o que ultimamente temos visto publicar.

Convencidos da verdade do que deixâmos dicto, vamos expôr as reflexões que a critica nos-ha suggerido.

Ás conjecturas, que se-ham aventurado sobre alguns ponctos controversos da vida do poeta, anteporemos as nossas conjecturas, e faremos ponderosas appreciações

sobre os Lusiadas, pregão sublime das glorias da nossa patria, e monumento perduravel e inconcusso que em vão a inveja tem pretendido abalar.

Para appreciar devidamente Luiz de Camões é indespensavel conhecermos o seculo em que nasceu: o estado em que se-achavam as lettras, e as idéas que então predominavam; porque, sendo estas idéas un como ambiente que todos respiram e do qual, mais, ou menos, não podem deixar de participar, é necessariamente por ellas que havemos de afferir as altas concepções do cantor dos Lusiadas e avaliar o quanto sobresaíu aos grandes homees do seo tempo e poude mesmo competir com os da antiguidade.

Nos principios do seculo XVI achava-se a Europa finalmente resgatada das trévas em que jazera involta durante a edade media; o que foi devido aos successivos exforços que, para restaurar as lettras antigas, haviam impregado os homees mais eminentes.— Com o começo do seculo XIV aponctara em Italia a aurora da renascença; sendo Petrarca, Dante, e Boccacio os primeiros que deram impulso ao grande movimento litterario que depois se-desinvolveu e progrediu com un enthusiasmo de que não temos, talvez, exemplo em épochas mais recentes. O primeiro d'estes tres poetas e eruditos formou uma eschola, que, comquanto não produzisse discipulos que o-egualassem, exerceu, todavia, uma pasmosa influencia no estilo e na fórma da poesia, não só dentro da Italia, senão ainda em França, Hespanha e Portugal. Tendo-se cuidadosamente applicado a aperfeiçoar a lingua italiana, conseguiu dar-lhe

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